Anúncio de página inteira do jornal A Noite de
23 de junho de 1928 sobre o início das vendas do lote Villa Guanabara,
em Brás de Pina. A região continua com o mesmo formato atualmente, tendo
em sua praça central o Brás de Pina Country Clube.
Fonte Face/jornais antigos do rio de Janeiro
Interessante ver o desenho das casas, lembra muito algumas que ainda resistem.
Vale a pena conferir o livro Cidade Alta - História, memórias e estígma de favela num conjunto habitacional do Rio de Janeirode autoria de Mario Brum
A cidade Alta com seus prédios coloridos em 1969
Sobre o livro:
Embora a palavra 'favela' forme imediatas imagens na mente dos
moradores das grandes cidades, é difícil traduzir em palavras o que a
constitui. Assim, através do estudo de caso do Conjunto Habitacional da
Cidade Alta, localizado
em Cordovil, na
zona Norte do Rio de Janeiro e surgido dentro do projeto de erradicação
de favelas executado pela CHISAM nas décadas de 1960/70 para abrigar
moradores removidos de favelas, e o complexo formado a partir deste,
estudaremos a permanência e a re-significação do estigma de favela, bem
como o programa de remoções. Trata-se ainda de discutir a construção
histórica e social do termo favela a partir de uma localidade, em que
usamos como fontes: jornais, documentos do Estado, relatórios de
pesquisadores da época, além de depoimentos de autoridades do programa
remocionista e moradores do complexo e suas visões sobre as remoções e
sobreo que é uma favela. Percebemos em muitos depoimentos a visão da
favela de origem como um local de desordem e precariedade, e que a ida
para o conjunto, no fim da década de 1960, figura como uma ‘melhora’,
pois o conjunto habitacional em seu início é relatado como local da
ordem e da ‘beleza’, posteriormente tendo se tornado uma favela, por uma
‘descaracterização’ das construções e principalmente, pela
intensificação da violência cotidiana. Assim, vemos através dos
depoimentos dos moradores que o termo favela pôde adquirir variados
significados ao longo da sua trajetória, embora os significantes sejam
os mesmos desde o seu surgimento.
Praia do Pinto - Leblon
Com
a destruição da favela, as famílias eram levadas/removidas para os
conjuntos pelos caminhões do antigo DLU (Depto de Limpeza Urbana, hoje
Comlurb).
A
pintura acima, que ilustra a capa, mostra a Feira da Rua do Poço, que
acontece aos domingos, na visão de Élcio Silva Sobrinho, artista local.
"As Teses do Doutor Favela"
Materia da Revista Veja Rio de 07/11/2012 de Lula Branco Martins.
Quando se diz que o historiador Mario Brum tem mestrado e doutorado
em pobreza, isso não é força de expressão. Há dez anos se debruça sobre o
tema, e lança agora Cidade Alta, pela Ponteio. O texto foca a criação,
em 1969, de um conjunto de prédios no subúrbio de Cordovil para abrigar a
população removida de morros da Zona Sul. O autor discute os elementos
que formam o discurso dos que afirmam que o lugar acabou virando uma
nova favela, e que seus moradores são, também eles, “favelados”.
A dupla Rildo Hora-Sérgio Cabral já
havia criado um razoável repertório, com alguns sucessos como “Visgo de
Jaca” e “Janelas Azuis”, quando Sérgio propôs ao parceiro escreverem um
samba em homenagem à Mangueira. A idéia era prestar uma homenagem
diferente, focalizando, por exemplo, os meninos do lugar. Assim nasceria
“Os Meninos da Mangueira”, com Sérgio fazendo a letra sobre uma bela
composição de Rildo, um samba de verdade, sincopado, malemolente,
sentimental, mas de estribilho vibrante, sacudido.
E como o letrista é também
historiador, homenageia passado e presente da Mangueira, descrevendo com
graça e concisão os atributos de cada um dos personagens enumerados
(“Carlos Cachaça, o menestrel / Mestre Cartola, o bacharel / Seu
Delegado, um dançarino...”), juntando-os no final aos meninos que
representam o futuro da Escola: “E a velha guarda se une / aos meninos
lá na passarela / abram alas que vem ela / a Mangueira toda bela...”
"Os Meninos da Mangueira” foi lançado
por Ataulfo Alves Júnior, num compacto, recebendo, ainda em 1976, mais doze
gravações, entre as quais as de Jair Rodrigues e Eliana Pittman. A boa
gravação de Ataulfo mostra na abertura uma sutileza do arranjador Rildo
Hora: o som forte, grave, encorpado de um violão, que, revela Sérgio
Cabral, “é na realidade o som dobrado de um violoncelo e um violão”
Fonte:
Livro - A
Canção no Tempo volume 2 de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello
Editora 34.
Um menino da mangueira Recebeu pelo natal Um pandeiro e uma cuíca Que lhe deu papai noel Um mulato sarará Primo-irmão de dona zica E o menino da mangueira Foi correndo organizar Uma linda bateria Carnaval já vem chegando E tem gente batucando São meninos da mangueira Carlos cachaça, o menestrel Mestre cartola, o bacharel Seu delegado, um dançarino, Faz coisas que aprendeu Com marcelino
E a velha guarda se une Aos meninos lá na passarela Abram alas que vem ela A mangueira toda bela
Um menino da mangueira Recebeu pelo natal Um pandeiro e uma cuíca Que lhe deu papai noel Um mulato sarará Primo-irmão de dona zica
Ô pandeirinho, cadê xangô Ô preto rico, chama o sinhô E dona neuma maravilhosa É a primeira mulher da verde-rosa
E onde é que se juntam O passado, o futuro e o presente Onde o samba é permanente Na mangueira minha gente
Um Coração Suburbano presta tributo a Delegado, eterno mestre sala da Mangueira, falecido no dia de hoje.