terça-feira, 30 de abril de 2013

Tenorio, Capa Preta e Lurdinha, historias de Caxias City



Natalicio Tenorio Cavalcanti de Albuquerque nascido em Quebrangulo, Alagoas, chegou em Duque de Caxias no final dos anos 20 para se transformar num dos políticos mais poderosos e influentes da história da Baixada Fluminense. Sua marca registrada era a metralhadora Lurdinha - presente do general Gois Monteiro que ele carregava no ombro escondida sob uma indefectível capa preta. O estilo agressivo de enfrentar os adversários - muitas vezes, violento - acabou criando um aura de mito ao redor de Tenório. Político auto-didata, o homem da capa preta desafiou a elite e a corrupção que dominavam Duque de Caxias.

Chamado pelos cabos eleitorais de "rei da Baixada", e pelos adversários políticos de "deputado pistoleiro", o homem da capa preta logo virou inimigo número um da elite local. Ao longo de sua carreira, acumulou inimigos e desafetos.


Lutando por melhorar a qualidade de vida para a população, foi eleito para a Câmara Municipal de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, em 1936. Cumpriu o mandato até a decretação do Estado Novo, em 1937.

Já em 45, filiou-se à União Democrática nacional, conseguindo ser eleito deputado na Assembleia Constituinte estadual em 1947, fazendo oposição ao pessedista Amaral Peixoto. Quando eleito, passou a ajudar ainda mais o povo. Arrumou briga com banco por causa das terras ocupadas, dava dinheiro para comprar comida e mandava entregar remédio em casa aos doentes.

Apesar de ter apoio do povo, Cavalcante não era bem visto por seus adversários. Sofreu várias atentados, conseguindo se livrar de todos eles. Logo após cada atentado, fazia um discurso chamando a massa para apoiá-lo cada vez mais.

Em 1954, fundou o jornal Luta Democrática, obtendo nas eleições desse ano a maior votação para deputado federal do Estado. Foi novamente eleito em 1958. Mesmo assim, Tenório não conseguiu ser eleito para governador da Guanabara em 1960, perdendo para Carlos Lacerda, e para governador do Estado do Rio de Janeiro, em 1962, perdendo para Badger da Silveira.
Tenorio X ACM
Ao discursar na Câmara dos Deputados, acusou Clemente Mariani, presidente do Banco do Brasil, de desvio de verbas. Revoltado com a ofensa, o amigo Antônio Carlos Magalhães, então deputado e Baiano como Mariani, defendera o conterrâneo respondendo que “vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo, é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão.”

Nesse instante, o homem da capa preta, pegou o seu revólver e berrou: “Vai morrer agora mesmo!”. Nesse instante alguns membros tentaram impedir, outros tentaram fugir de medo. ACM mandou atirar, mesmo com muito medo. Segurou o microfone e falou novamente: “Atira”. Porém, teve uma incontinência urinária e molhou o chão a sua volta. Vendo isso, Tenório resolveu não atirar. Recolheu a arma dizendo que “só matava homem”.

LURDINHA:
Lurdinha era, como ele chamava carinhosamente, a sua submetralhadora MP40, de fabricação alemã, similar àquelas utilizadas por soldados nazistas durante a segunda guerra mundial. Ganhou do general Gois Monteiro, seu grande amigo.

Era com ela que Tenório desfilava pelas ruas da Baixada Fluminense, impondo seu poder e espalhando o medo nos seus adversários. Por diversas vezes, a usou para trocar tiro com os executores dos seus atentados.

O INÍCIO DA DECADÊNCIA:
Como o seu poder estava fugindo do controle, seus adversários resolveram chamar o delegado paulista Albino Imparato (no filme cita o nome como sendo Lino Maragatto), para dar conta do seu ímpeto populista e agressivo. O delegado não deu sossego, começou a botar ordem na baixada, levando muito nordestino preso. Tenório e seus aliados também passaram a ser perseguidos dia e noite, tendo até a sua casa metralhada e a sua família ameaçada. Nessa época alguns de seus comparsas foram assassinados.

Após tanto se esconder e se sentir acuado, o Homem da Capa Preta buscou conversar com Imparato, dizendo que não buscaria a iniciativa, mas reagiria a qualquer provocação. Explicando ainda que isso seria um princípio da física. Apesar da conversa nada mudou, e o então delegado foi encontrado metralhado dentro do seu carro.

Cavalcante foi acusado por participar diretamente no crime. Nessa ocasião suas duas residências – a fortaleza de Caxias e o apartamento de Copacabana – foram cercadas por policiais fortemente armados. Todo o cerco à casa de Tenório só foi suspenso com a intervenção de Nereu Ramos, presidente da Câmara, Osvaldo Aranha, ex-ministro da Fazenda, e Afonso Arinos, então deputado e futuro senador, que foram até lá resolver o imbróglio.

Tenório Cavalcante aos poucos foi perdendo poder. No episódio com o deputado ACM, teve suas armas apreendidas e seus direitos políticos cassados pelo governo militar de 1964 com a interveniência direta de Antônio Carlos Magalhães, então deputado pela ARENA.

Ao se afastar da política, foi sumindo do cenário e deixando de colocar medo nos adversários. Até ficar completamente esquecido, até mesmo pelo povo.

Acabou falecendo de pneumonia aos 82 anos, em 5 de maio de 1987

Fonte: 
http://andrigomania.blogspot.com.br/2011/01/tenorio-cavalcante-o-homem-da-capa.html

5 comentários:

  1. Esse Tenório Cavalcanti é meu parente

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  2. A história confirma, tentou representar o povo, trabalhar a favor do povo mas, a elite sempre vence pessoas como esta. Obrigado Tenório nunca serás esquecido!

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  3. Ouvi muito a respeito da vida dele quando eu era criança porque meus pais eram vizinhos dele em Duque de Caxias. Falavam muito bem dele.

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  4. Eu morava em Caxias nessa época,tinha por volta de 7 ou 8 anos . Às vezes,com meu pai na feira , nós o víamos. Era uma figura sinistra , eu ficava com medo.

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