segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Os Meninos da Mangueira



A dupla Rildo Hora-Sérgio Cabral já havia criado um razoável repertório, com alguns sucessos como “Visgo de Jaca” e “Janelas Azuis”, quando Sérgio propôs ao parceiro escreverem um samba em homenagem à Mangueira. A idéia era prestar uma homenagem diferente, focalizando, por exemplo, os meninos do lugar. Assim nasceria “Os Meninos da Mangueira”, com Sérgio fazendo a letra sobre uma bela composição de Rildo, um samba de verdade, sincopado, malemolente, sentimental, mas de estribilho vibrante, sacudido.

E como o letrista é também historiador, homenageia passado e presente da Mangueira, descrevendo com graça e concisão os atributos de cada um dos personagens enumerados (“Carlos Cachaça, o menestrel / Mestre Cartola, o bacharel / Seu Delegado, um dançarino...”), juntando-os no final aos meninos que representam o futuro da Escola: “E a velha guarda se une / aos meninos lá na passarela / abram alas que vem ela / a Mangueira toda bela...”

"Os Meninos da Mangueira” foi lançado por Ataulfo Alves Júnior, num compacto, recebendo, ainda em 1976, mais doze gravações, entre as quais as de Jair Rodrigues e Eliana Pittman. A boa gravação de Ataulfo mostra na abertura uma sutileza do arranjador Rildo Hora: o som forte, grave, encorpado de um violão, que, revela Sérgio Cabral, “é na realidade o som dobrado de um violoncelo e um violão” 
 
Fonte: 
Livro - A Canção no Tempo volume 2 de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello  Editora 34.
 
 
Um menino da mangueira
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
E o menino da mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da mangueira
Carlos cachaça, o menestrel
Mestre cartola, o bacharel
Seu delegado, um dançarino,
Faz coisas que aprendeu
Com marcelino

E a velha guarda se une
Aos meninos lá na passarela
Abram alas que vem ela
A mangueira toda bela
 
Um menino da mangueira
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
 
Ô pandeirinho, cadê xangô
Ô preto rico, chama o sinhô
E dona neuma maravilhosa
É a primeira mulher da verde-rosa
 
E onde é que se juntam
O passado, o futuro e o presente
Onde o samba é permanente
Na mangueira minha gente 
 
 
Um Coração Suburbano presta tributo a Delegado, eterno mestre sala da Mangueira, falecido no dia de hoje.

Um comentário:

  1. Justa e emocionante homenagem, o samba carioca perdeu hoje um dos seus mais ilustres representantes. Mestre Delegado com uma aparência tão frágil dava um show no carnaval.

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