A dupla Rildo Hora-Sérgio Cabral já
havia criado um razoável repertório, com alguns sucessos como “Visgo de
Jaca” e “Janelas Azuis”, quando Sérgio propôs ao parceiro escreverem um
samba em homenagem à Mangueira. A idéia era prestar uma homenagem
diferente, focalizando, por exemplo, os meninos do lugar. Assim nasceria
“Os Meninos da Mangueira”, com Sérgio fazendo a letra sobre uma bela
composição de Rildo, um samba de verdade, sincopado, malemolente,
sentimental, mas de estribilho vibrante, sacudido.
E como o letrista é também
historiador, homenageia passado e presente da Mangueira, descrevendo com
graça e concisão os atributos de cada um dos personagens enumerados
(“Carlos Cachaça, o menestrel / Mestre Cartola, o bacharel / Seu
Delegado, um dançarino...”), juntando-os no final aos meninos que
representam o futuro da Escola: “E a velha guarda se une / aos meninos
lá na passarela / abram alas que vem ela / a Mangueira toda bela...”
"Os Meninos da Mangueira” foi lançado
por Ataulfo Alves Júnior, num compacto, recebendo, ainda em 1976, mais doze
gravações, entre as quais as de Jair Rodrigues e Eliana Pittman. A boa
gravação de Ataulfo mostra na abertura uma sutileza do arranjador Rildo
Hora: o som forte, grave, encorpado de um violão, que, revela Sérgio
Cabral, “é na realidade o som dobrado de um violoncelo e um violão”
Fonte:
Livro - A
Canção no Tempo volume 2 de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello
Editora 34.
Um menino da mangueira
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
E o menino da mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da mangueira
Carlos cachaça, o menestrel
Mestre cartola, o bacharel
Seu delegado, um dançarino,
Faz coisas que aprendeu
Com marcelino
E a velha guarda se une
Aos meninos lá na passarela
Abram alas que vem ela
A mangueira toda bela
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
E o menino da mangueira
Foi correndo organizar
Uma linda bateria
Carnaval já vem chegando
E tem gente batucando
São meninos da mangueira
Carlos cachaça, o menestrel
Mestre cartola, o bacharel
Seu delegado, um dançarino,
Faz coisas que aprendeu
Com marcelino
E a velha guarda se une
Aos meninos lá na passarela
Abram alas que vem ela
A mangueira toda bela
Um menino da mangueira
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
Recebeu pelo natal
Um pandeiro e uma cuíca
Que lhe deu papai noel
Um mulato sarará
Primo-irmão de dona zica
Ô pandeirinho, cadê xangô
Ô preto rico, chama o sinhô
E dona neuma maravilhosa
É a primeira mulher da verde-rosa
Ô preto rico, chama o sinhô
E dona neuma maravilhosa
É a primeira mulher da verde-rosa
E onde é que se juntam
O passado, o futuro e o presente
Onde o samba é permanente
Na mangueira minha gente
O passado, o futuro e o presente
Onde o samba é permanente
Na mangueira minha gente
Um Coração Suburbano presta tributo a Delegado, eterno mestre sala da Mangueira, falecido no dia de hoje.
Justa e emocionante homenagem, o samba carioca perdeu hoje um dos seus mais ilustres representantes. Mestre Delegado com uma aparência tão frágil dava um show no carnaval.
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