Aproveitando o clima do halloween, nada melhor que uma historinha de fantasmas.
Reza a lenda que fantasmas do Império assombram visitantes e
funcionários do antigo palácio, hoje Museu Nacional, na Quinta da Boavista. Um dos mais famosos é o da primeira
esposa de Pedro I, a Imperatriz Leopoldina. Antes mesmo de virar
assombração, Leopoldina já tinha arrepiado muitos cabelos nos idos do
Oitocentos por conta de sua morte misteriosa em idade jovem. A tragédia
teria ocorrido devido a uma queda logo após uma briga com o marido, onde
teria sido humilhada diante da rival, Domitila. O episódio da morte é
um mistério, mas muitos pesquisadores acreditam que a mulher – que
estava grávida – teria sido agredida fisicamente por Pedro I e, logo
depois, rolado as escadas do Paço Imperial. Seu fantasma ainda vaga
pelos corredores do Museu Nacional e inclusive ajudou em novas
descobertas acadêmicas.
Pelo menos é o que conta Regina Dantas, que viu Leopoldina com os
próprios olhos, em 1998: “As pessoas têm medo de andar pelo palácio. Mas
naquele dia, fui ao banheiro sozinha e, no trajeto de volta, vi um
vulto que parava e ficava olhando para trás. Com um vestido branco. Aí
eu acelerei, podia ser uma pessoa. Quando virei uma curvinha para
continuar seguindo a mulher, ela desapareceu no corredor comprido. Corri
de volta para a minha sala e percebi: eu vi a Leopoldina”. Na ocasião,
Regina fazia uma pesquisa com cinco estagiários sobre um suposto museu
dentro da casa de Pedro II, buscando de que maneira teria surgido a
mania de coleções do segundo imperador. Após ver a Imperatriz pelos
corredores do museu, uma ideia se acendeu em sua cabeça como uma
lâmpada: “Comecei a investigar a mãe e percebi que a mania de
colecionismo do Pedro II vinha mesmo dela”.
Os eventos bizarros que ocorrem no museu não param por aí. Certa vez,
um historiador tirava fotos pelos corredores do palácio para saber mais
sobre as fantasmagóricas aparições. E eis que, aos pés da escada onde
Leopoldina teria rolado, fotografou uma coisa estranha: uma fumaça.
Seria novamente o vulto da Imperatriz? Muitos acreditam que sim.
O vigia do Horto, na Quinta da Boa Vista, é um deles. Seu Eurico ouvia
todas as noites um barulho de máquina de escrever quando fazia sua
ronda, nos tempos que trabalhava no Museu Nacional. Apesar de investigar
a origem do barulho por todos os cômodos em que passava, jamais achou o
cidadão que digitava no aparelho madrugada a dentro. Quando soube da
história de fantasmas que vagavam pelo antigo Paço, logo captou o
recado: era uma máquina de escrever mal assombrada. Resultado: pediu
afastamento do Museu e hoje trabalha em outra região da Quinta, a salvo
dos fantasmas imperiais.
Pós-graduado em História, o arquiteto Milton Teixeira lembra que os
relatos das aparições de Leopoldina começaram no Império. No livro "A
imperatriz Leopoldina - sua vida e sua época", o autor Carlos Oberacker conta
que D. Pedro I teria visto a imagem da falecida mulher numa festa no
palácio. Na visão, Leopoldina - que morreu aos 29 anos, grávida e
deprimida com as traições do marido - estava triste.
- D. Pedro ficou tão apavorado que foi correndo para o quarto
chorar - conta Milton Teixeira, que promove tour aos prédios
mal-assombrados.
Fonte Revista de Historia da Biblioteca Nacional