Realizado na década de 50 e inspirado no neo-realismo italiano, Rio, 40 graus reflete
as bases do movimento estético-cultural denominado Cinema Novo,
realizado nas ruas com cenários e com diálogos naturais. No
longa-metragem, o calor sufocante da cidade representa o elo entre as
histórias que se desenrolam, num típico domingo carioca, através de
cinco pequenos vendedores de amendoim. Copacabana, Pão de Açucar,
Corcovado, Quinta da Boa Vista e Estádio Maracanã são alguns dos pontos
onde as cenas acontecem.
O filme tem produção de Mario Barros, Freire Ciro Cri e Nelson
Pereira dos Santos, direção de fotografia de Hélio Silva, edição de
Rafael Valverde. No elenco, Roberto Bataglin, Glauce Rocha, Jece
Valadão, Ana Beatriz, Modesto de Souza, Cláudia Morena, Antonio Novais e
Arina Serafim.
O diretor
Cineclubista em São Paulo, onde nasceu, em 1928, Nelson Pereira dos
Santos entrou para o cinema como assistente de direção de Rodolfo Nanni,
em O Saci (1951-1953). Já no Rio, para onde se muda em 1953, trabalhou como assistente de Alex Viany, em Agulha no Palheiro, e Paulo Wanderley, em Balança Mas Não Cai, cujas filmagens concluiu.
Entre 1957 e 1960, trabalhou como jornalista e tentou produzir uma versão do romance de Graciliano Ramos, Vidas Secas,
frustrada por uma enchente e outros contratempos. Para aproveitar a
viagem e em condições as mais precárias, improvisou no interior baiano
um bangue-bangue sertanejo, Mandacaru Vermelho (1960), co-estrelado por ele próprio. Vidas Secas só chegaria às telas três anos mais tarde, antecedido de uma adaptação de Nelson Rodrigues, O Boca de Ouro (1962).
Com El Justicero (1967), trocou o subúrbio do Rio e a caatinga
nordestina pelas frivolidades da zona sul carioca. Ainda eram burgueses
os personagens do filme seguinte, Fome de Amor (1968), só que vistos por ótica bem diversa, mais crítica e moderna.
Adaptações literárias - de Machado de Assis (Azyllo Muito Louco,
1969), Jorge Amado (Tenda dos Milagres, 1977, e Jubiabá, 1986),
Graciliano Ramos (Memórias do Cárcere, 1983) e Guimarães Rosa (A Terceira Margem do Rio, 1993) - complementam sua obra, marcada, ainda, por uma aventura cômico-antropofágica ambientada no Brasil quinhentista (Como era gostoso o meu francês, 1970) e por uma volta ao ambiente popular suburbano (O amuleto de Ogum, 1974).
Nelson Pereira dos Santos ganhou prêmios em festivais nacionais e
internacionais (Cannes, Havana, Polônia). Em reconhecimento a seu
trabalho, já foram organizadas mostras e retrospectivas em países como
França, Itália, Canadá, EUA e Japão, entre outros.
Fontes: Cineclube Baixa Augusta
Site UFMG
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