domingo, 8 de abril de 2012

Noel Rosa



Noel Rosa
Primeiro filho de seu Manoel e dona Marta de Medeiros Rosa, Noel veio ao mundo em 11 de dezembro de 1910, no Rio de Janeiro, RJ, em parto difícil - para não perderem mãe e filho, os médicos usaram o fórceps para ajudar, o que acabou causando-lhe a lesão no queixo, que o acompanhou por toda a vida.
Franzino, Noel aprendeu a tocar bandolim com sua mãe - era quando se sentia mais importante, lá no Colégio São Bento. Sentava-se para tocar, e todos os meninos e meninas paravam para ouvi-lo extasiados. Com o tempo, adotou o instrumento que seu pai tocava, o violão.
Magro e debilitado desde muito cedo, dona Marta vivia preocupada com o filho, pedindo-lhe que não se demorasse na rua e que voltasse cedo para casa. Sabendo, certa vez, que Noel iria à uma festa em um sábado, escondeu todas as suas roupas. Quando seus amigos chegaram para apanhá-lo, Noel grita, de seu quarto: "Com que roupa?" - no mesmo instante a inspiração para seu primeiro grande sucesso, gravado para o carnaval de 1931, onde vendeu 15000 discos!

Foi para a faculdade de medicina - alegria na família - mas a única coisa que isso lhe rendeu foi o samba "Coração" - ainda assim com erros anatômicos. O Rio perdeu um médico, o Brasil ganhou um dos maiores sambistas de todos os tempos.
Genial, tirava até de brigas motivo de inspiração. Wilson Batista, outro grande sambista da época, havia composto um samba chamado "Lenço no Pescoço", um ode à malandragem, muito comum nos sambas da época. Noel, que nunca perdia a chance de brincar com um bom tema, escreveu em resposta "Rapaz Folgado" (Deixa de arrastar o seu tamanco / Que tamanco nunca foi sandália / Tira do pescoço o lenço branco / Compra sapato e gravata / Joga fora esta navalha que te atrapalha) . Wilson, irritado, compôs "O Mocinho da Vila, criticando o compositor e seu bairro. Noel respondeu novamente, com a fantástica "Feitiço da Vila". A briga já era um sucesso, todo mundo acompanhando. Wilson retorna com "Conversa Fiada" (É conversa fiada / Dizerem que os sambas / Na Vila têm feitiço) . Foi a deixa para Noel compor um dos seus mais famosos e cantados sambas, "Palpite Infeliz" . Wilson Batista, ao invés de reconhecer a derrota, fez o triste papel de compor "Frankstein da Vila" , sobre o defeito físico de Noel. Noel não respondeu. Wilson insistiu compondo "Terra de Cego". Noel encerra a polêmica usando a mesma melodia de Wilson nessa última música, compondo "Deixa de Ser Convencido"

Noel era tímido e recatado, tinha vergonha da marca que trazia no rosto, evitava comer em público por causa do defeito e só relaxava bebendo ou compondo. Sem dinheiro, vivia às custas de poucos trocados que recebia de suas composições e do auxílio de sua mãe. Mas tudo que ganhava era gasto com a boemia, com as mulheres e com a bebida. Isso acelerou um processo crônico pulmonar que acabou em tuberculose. Noel morreu no Rio de Janeiro, em 04 de maio de 1937, aos 26 anos, vitimado pela doença.   


http://www.mpbnet.com.br/musicos/noel.rosa/



As informações abaixo foram retiradas do Dicionario da Musica Popular Brasileira de Ricardo Cravo Albin

 

Noel Rosa nasceu no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, tornando-se anos mais tarde conhecido como o "Poeta da Vila". Morou durante seus vinte e seis anos e meio de vida na mesma casa na rua Teodoro da Silva, que tempos depois seria demolida para a construção de um prédio residencial que leva seu nome.

  

Dados Artísticos

Quando tinha apenas 13 anos, começou a tocar bandolim de ouvido e violão, que aprendeu com o pai, seu primo Adílio e os amigos Romualdo Miranda, Vicente Sabonete e Cobrinha. Já dominando o instrumento, fazia serenatas com o irmão no bairro de Vila Isabel em 1925. Nesse mesmo ano, conheceu o compositor Sinhô, de quem tornou-se grande admirador.
  

Obras

  • A Genoveva não sabe o que diz
  • A melhor do planeta (c/Almirante)
  • A razão dá-se a quem tem (c/Ismael Silva e Francisco Alves)
  • A-B-Surdo (c/Lamartine Babo)
  • A-E-I-O-U (c/Lamartine Babo)
  • Adeus (c/Francisco Alves e Ismael Silva)
  

Discografia

  • (1994) Noel Rosa e Aracy de Almeida • Continental • CD
  • (1987) Uma rosa para Noel - 50 anos depois • Continental • LP
  • (1971) Nelson interpreta Noel • RCA Camden • LP
  • (1967) Noel Rosa • RCA Camden • LP
  • (1965) Noel Rosa • LP
  • (1936) De babado/Cem mil réis • Odeon • 78
  

Bibliografia Crítica

  • ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB - A História de nossa música popular de sua origem até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
  • ALMIRANTE. No tempo de Noel Rosa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
  • AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
  • CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1993.
  • CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário biográfico da música popular. Rio de Janeiro; Edição do autor, 1965.
  • EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.
  


A estátua de Noel Rosa foi inaugurada no dia 22 de março de 1996 no Boulevard 21 de Novembro,  na divisa dos bairros de Vila Isabel e Maracanã. Noel aparece sentado numa cadeira de bar, com seu habitual cigarro entre os dedos, uma garrafa de cerveja e um copo sobre a mesa. Ao lado dele, uma cadeira vazia, convidando o visitante a sentar-se para uma foto.

cigarros

A paixão de Noel: Cigarros, Cerveja e Música
Em pé, ao seu lado, o garçom serve Noel. Sobre a mesa está uma lauda, também em bronze, com a letra do samba "Conversa de Botequim". Curiosidade: o garçon tem a fisionomia do pai de Noel.
O escultor da estátua foi Joás Pereira Passos.





Um comentário:

  1. Lindo! Tanto a matéria como rever o Chico Buarque cantar esse clássico de Noel!

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