Rio -  Não é ficção: antigos ‘palácios’ da sétima arte que há mais de década estavam fechados, sete cinemas de rua do subúrbio carioca serão reabertos até o fim do ano. O roteiro é de final feliz para moradores de Ramos, onde voltará a entrar em cena o Cine Rosário, Madureira (Cine Alfa), Rocha Miranda (Guaraci), Engenho Novo (Cine Santa Alice), Méier (Cine Bruni), Cachambi e Vaz Lobo — os últimos dois com cinemas que levam o nome dos bairros.

A pedido da RioFilme, empresa da prefeitura que promove o desenvolvimento da indústria audiovisual, a Subsecretaria de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura já está em fase de estudo de viabilidade econômica para reativação dos espaços. Assim que forem reabertos, os cinemas serão operados por uma empresa particular do ramo.

Em frente ao cinema, Selma lembra o tempo em que o pai, Rubens, trabalhou como lanterninha | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Em frente ao antigo cinema Rosario, Selma lembra o tempo em que o pai, Rubens, trabalhou como lanterninha | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
“Queremos associar a restauração desses cinemas à requalificação urbana e à revalorização desses imóveis. São importantes referências para a identidade cultural dos bairros”, ressalta a arquiteta e gerente de Intervenção Urbana da Subsecretaria, Aline Xavier, coordenadora do estudo.

Os custos do projeto ainda não estão definidos, mas a notícia da reabertura dos cinemas já anima cinéfilos de plantão, comerciantes e moradores em geral. “Espero triplicar a clientela”, prevê Fernando Pedrazzi, 49, dono de bar ao lado do Cine Rosário.

Para a professora Marieta Berleze, 57, a reativação do Cine Vaz Lobo trará mais segurança, além de diversão. “Há décadas não temos paz. A circulação de pessoas por aqui foi muito reduzida”, justifica.

Atualmente, o Santa Alice e o Bruni funcionam como templos evangélicos; o Cachambi se transformou em mercado, e o Alfa, em loja de utilidades. Os demais, estão fechados e deteriorados.

Alguns deles:

CINE VAZ LOBO - Construído para receber 1,8 mil espectadores, foi inaugurado pela família Monteiro em 1941, com a presença da então primeira-dama da República, Darcy Vargas. Rosivainy Monteiro, uma das herdeiras, se orgulha de ainda morar no antigo prédio para protegê-lo.

CINE GUARACI - A acústica perfeita, as escadas de mármore, a lotação para 1.379 lugares e os lanterninhas impecavelmente vestidos marcaram seu funcionamento, entre 1954 e 1989. Atualmente, o aspecto de abandono, com a fachada completamente depredada, incentiva movimentos para transformá-lo em espaço cultural.

CINE ROSÁRIO - Localizado na Rua Leopoldina Rego, no bairro de Ramos, foi inaugurado em 1938. Em 1981 chegou a se chamar Cine Ramos. Quando surgiu, tinha capacidade para 1.442 lugares, número reduzido para 701 em 1981, quando fechou. Posteriormente, teve o espaço utilizado por um bingo e pela Boate Trigonometria.

Prédio desvia Transcarioca

Depois de resistir com sua fachada original, o Cine Vaz Lobo, inaugurado em 1941 e ponto de encontro do bairro por quase meio século, foi responsável agora pela mudança do traçado da Transcarioca (Barra-Galeão). Após movimentos em defesa do prédio, ele será preservado. O corredor expresso terá até estação perto do cinema.

“Em memória de meu pai (Antônio Monteiro), que nunca alugou o prédio para igrejas, eu e meus irmãos defendemos a reabertura do cinema para fins culturais”, conta Rosivainy Monteiro, 44. Até hoje ela mora na parte superior do imóvel.

Ícones do entretenimento no passado, a maioria dos cinemas de ruas, com suas amplas acomodações e fachadas em ‘art déco’ (estilo surgido em 1920 na Europa), fechou suas portas entre as décadas de 80 e 90, com a expansão dos shoppings, igrejas e da violência urbana.

Histórias que dariam filmes

Selma Teixeira, 55, se emociona ao falar do pai, Rubens (morto em 1980), que foi lanterninha no Cine Rosário. “Foram 10 anos mágicos. Ele botava a criançada para assistir aos filmes de graça”, lembra.

Já o ex-funcionário do Vasco Jorge Mariá, 61 anos, conheceu a mulher, Lenice, 70, nos “namoricos do escurinho” do Rosário, há 40 anos. “Nunca mais nos separamos”, orgulha-se.

O relojoeiro José Almeida, 64, montou banca em frente ao Cine Guaraci: “É um jeito de para matar a saudade”.

Fonte:
http://odia.ig.com.br/portal/rio/um-final-feliz-para-cinemas-de-rua-1.415062

Será verdade mesmo? Em ano eleitoral é bem possivel, politicas a parte seria a confirmação da valorização da zona norte.