No ano de 1881 fora determinada nos estatutos da Irmandade do Santíssimo
Sacramento da Candelária a fundação de um asilo para a infância
desvalida, como uma de suas finalidades.
Procurando dar execução à disposição estatutária, a Irmandade
adquiriu, naquele mesmo ano, dois prédios velhos, no Campo de São
Cristóvão, pelo preço de 26:000$, com a intenção de os adaptar àquele
fim.
Iniciadas as obras, ficou o edifício pronto para se inaugurar em
1884. Em virtude, porém, do precário estado financeiro da Irmandade,
viu-se esta, em 1888, obrigada a vendê-lo ao Governo, que o aproveitou
para internato do Imperial Colégio Pedro II.
No ano seguinte — 21 de setembro de 1889 — falecendo nesta Capital
(Rio de Janeiro – N. do E.) o milionário português Antônio Gonçalves de
Araújo, deixou como legado a importância de 1.500 contos “a uma
instituição de beneficência para crianças desvalidas, onde se lhes dê sustento,
educação e instrução primária e industrial”. Acrescentava o testamento:
“Como a minha intenção é beneficiar as crianças pobres desta Capital,
se não for possível criar uma instituição nova, como deixo disposto,
ficará pertencendo este legado ao asilo de infância desvalida projetado
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, e que por falta
de patrimônio não tem sido inaugurado”.
Recebido o preciosíssimo donativo, obteve ainda a Irmandade,
gratuitamente, do Governo, o magnífico terreno do Campo de São Cristóvão
ns. 100/102 (atual n.º 310), e tratou ativamente da construção do vasto
edifício.
A 3 de janeiro de 1897, foi lançada a pedra fundamental e, em 1898, iniciada a sua construção.
No dia 30 de dezembro de 1900 foi, afinal, inaugurado o belo e majestoso edifício, revestindo-se a cerimônia de toda solenidade.
A fotografia mostra o Asilo Gonçalves de Araújo, “produto de um
legado extraordinário, obra dos apóstolos do amor, templo em que o amor é
o braço da Providência, salvando náufragos do destino”.
Fonte:
[Dunlop1963] C. J. Dunlop, Rio Antigo, 3ª Tiragem ed., Antigo, E. R. and Ltda., G. L., Eds., , 1963, vol. I, II e III.
Inicialmente destinado a internos de ambos os sexos, o Educandário,
transformado em Repartição autônoma em 1902, passou a receber somente
meninas, instalando-se mais tarde, em Teresópolis, o novo Departamento
Masculino, transferido depois para o prédio da Rua Teixeira Júnior, nº
158 (em que funcionara o Colégio Pio Americano), onde, em instalações já
muito ampliadas, até hoje se encontra.
Sua direção, primeiramente confiada às Irmãs Vicentinas, está hoje a
cargo das Irmãs Mensageiras de Santa Maria, igualmente devotadas ao
papel de verdadeiras mães dos nossos internos.
Meninos e meninas cursam todo o primeiro grau, com várias atividades
extracurriculares. Praticam-se variados esportes, as meninas aprendem
trabalhos do lar, e procura-se, enfim, preencher todo o tempo livre, com
proveitosa complementação do curso oficial. Ressalte-se que toda a
alimentação, vestuário, material escolar, serviço médico e dentário são
fornecidos gratuitamente pela Irmandade.
Em 1976, inaugurou a Candelária o Lar Gonçalves de Araújo, anexo ao
Departamento Feminino. É um pensionato destinado às ex-alunas que,
trabalhando ou continuando seus estudos, não tenham família, ou não
possam, por qualquer motivo, com ela residir. Veio preencher uma lacuna e
complementar a obra do Educandário, dentro do mesmo espírito que
informou a sua criação e levou Gonçalves de Araújo ao seu humanitário
gesto.
José Gomes da Silva é provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária
Conseguiram manter quase original a imagem do passado.
ResponderExcluirBelíssimo prédio e belíssima história!
ResponderExcluirSou neta do Dr Othon de Silva e Souza. Passei maravilhosos natais no castelinho. Muito da minha infância foi vivido aí. A festa de casamento do meu pai, dizem que foi um deslumbre...
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