Maria Gorda é um baobá - uma árvore que existe na Praia dos Tamoios,
quase na esquina da Ladeira do Vicente. Ela é originária das savanas
da África, e também existe em quantidade no asteróide B 612 de "O
Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry...Ela é muito
conhecida por aqui, não só por ser a maior representante do nosso
reino vegetal e pela beleza das suas formas e das suas flores, mas
também pela lenda que em torno dela se desenvolveu em Paquetá.
Maria Gorda é como os escravos chamavam Maria Apolinária da Nação
Cabinda - uma mucama simpática e de sorriso largo, que trabalhava na
casa de um rico comerciante português que morava na Ilha e que tinha
muitos escravos. Maria Apolinária não se conformava com a escravidão e
principalmente com o que chamava de ingratidão dos seus senhores
brancos, que moravam nas casas construídas pelos negros, andavam pelas
ruas abertas pelos negros, comiam a comida plantada e preparada pelos
negros, usufruíam do trabalho escravo realizado pelos negros... mas
não mostravam sequer um ato de gratidão que marcasse a lembrança do
trabalho africano por aqui...
E Maria Apolinária sempre dizia que marcaria essa história. Que
quando morresse pediria aos seus orixás para que providenciassem uma
forma qualquer de deixar enraizado na Ilha essa lembrança da
África negra, que se não era reconhecida no nome das ruas, das praças,
e dos monumentos, de alguma forma o seria pela própria Natureza de
Paquetá. E assim realmente aconteceu: numa manhã de primavera, a rede de
Maria Apolinária na senzala da casa do seu dono português amanheceu
vazia... e ninguém nunca mais viu Maria - a "Gorda"... mas
alguém notou que nesse mesmo dia, em frente à casa onde morava Maria,
apareceu um arbusto que nunca existira em Paquetá e, ainda mais, que
ao contrário do que sempre ocorre, este era um exemplar solitário,
diferente do que costuma acontecer no seu local de origem: as savanas
da África. E dizem que no mesmo dia em que Maria Apolinária morreu a Maria
Gorda nasceu fincando assim raízes profundas da África em Paquetá.
O Baobá - Maria Gorda
Localização: Praia dos Tamoios em frente ao nº 425
Mais
uma vez, na apuração dos Grupos C, D e E da Associação das Escolas de
Samba da Cidade do Rio de Janeiro, os pontos perdidos nas
obrigatoriedades foram fundamentais, como de costume. Várias escolas
foram penalizadas por não apresentar número mínimo de componentes nas
alas das baianas e bateria. Outra punição frequente foi devido ao uso de
instrumentos de bateria com o logotipo de outras escolas.
Jacarezinho de volta ao Sambódromo
No grupo C, a grande campeã foi a Unidos do Jacarezinho, que levou
para a Intendente Magalhães uma homenagem ao compositor mangueirense
Nelson Sargento. Num desfile marcado pela emoção, a rosa, branca e verde
apresentou um desfile com fantasias caprichadíssimas e se apegou ao
canto e à boa evolução para garantir seu retorno ao Sambódromo no ano
que vem. A vice-campeã foi a Unidos de Villa Rica, de Copacabana, com um
enredo sobre a Feira de São Cristóvão. Foram rebaixadas para o grupo D a
Arrastão de Cascadura, Unidos do Cabuçu, Acadêmicos da Abolição, Lins
Imperial e a Independente de São João de Meriti. A última não se
apresentou para o desfile.
Lucas consegue o segundo acesso seguido
A tradicional Unidos de Lucas foi a campeã do Grupo D, com um enredo
sobre o circo. O Galo da Leopoldina fez um desfile alegre e contagiante,
com um forte samba-enredo que foi muito cantado pelos componentes. Este
é o segundo acesso seguido da vermelho ouro, já que havia sido a campeã
do grupo E no ano passado. Logo atrás ficou a Mocidade Unida de
Jacarepaguá. A escola da Cidade de Deus fez um belíssimo e luxuoso
desfile mas acabou deixando escapar o título após ser penalizado nas
obrigatoriedades, quando perdeu exatamente os dois décimos de diferença
para a campeã. Desceram para o grupo E a Leão de Nova Iguaçu, Unidos do
Anil, Unidos de Manguinhos, Vizinha Faladeira e Flor da Mina do Andaraí.
No desempate, Boca de Siri conquista o título
A disputa mais acirrada aconteceu no grupo E, onde a campeã só foi
conhecida após a leitura da última nota de bateria. Até o último
quesito, a Chatuba de Mesquita liderou a disputa contra a Boca de Siri.
Porém, a bateria comandada por Mestre Beto, ex-Imperatriz, pesou na hora
de decidir. A escola da Baixada perdeu um décimo, o que a deixou
empatada com a Boca de Siri. No desempate, a agremiação de Ramos ficou
com o acesso, também o segundo seguido, assim como a Unidos de Lucas. A
campeã fez um lindo desfile, com um enredo em homenagem às mulheres.
Muito luxo e capricho nas fantasias e alegorias, um canto muito forte e a
ótima evolução foram fundamentais para a conquista. Foram rebaixadas e
desfilarão no primeiro grupo dos blocos de enredo a Unidos do Cabral,
Imperial de Nova Iguaçu, União de Vaz Lobo, Delírio da Zona Oeste e
Paraíso da Alvorada.
O
G.R.E.S. Boca de Siri, de Ramos, estreante da Associação das Escolas de Samba por
ter sido campeão na Federação dos Blocos no carnaval de 2011
Aos sete anos Hugo 'previu' gol de Alecsandro, que dedicou feito ao garoto com diferente comemoração
Após deixar sua marca no clássico contra o Flamengo, Alecsandro
comemorou de um jeito diferente. No lugar da tradicional careta que
homenageia o pai, Lela, o artilheiro vascaíno, acompanhado de Diego
Souza e Wiliam Barbio, levou uma mão aos olhos e esticou a outra (veja vídeo abaixo).
Depois da partida que garantiu o Vasco na decisão da Taça Guanabara, o
atacante explicou o novo gesto. Trata-se de outra bonita homenagem.
Desta vez, a um menino de apenas 7 anos: Hugo.
- Ele falou que eu iria fazer o gol, mas tinha uma exigência, comemorar
com uma mão no rosto e a outra pra frente. Então fiquei feliz por
marcar num momento importante do clássico e dedicá-lo a um menino tão
especial. Hugo, é para você - disse Alecsandro no intervalo.
Morador do bairro de Bento Ribeiro e vascaíno fanático, o pequeno
torcedor é deficiente visual desde o primeiro ano de vida. Mas o
problema originado de um câncer (já curado) na retina, gerado ainda no
útero, não o impede de ir a todos os jogos do time do coração. Seja na
Colina histórica ou no Engenhão, Hugo sempre entra em campo de mãos
dadas com Fernando Prass e já mostrou que é pé-quente. A primeira vez
que acompanhou o time coincidiu com a ascensão do Vasco, que voltou a
ser campeão ao conquistar a Copa do Brasil e passou a brigar também pelo
Brasileirão. Contra o Fluminense, Hugo estava lá, e Alecsandro marcou
duas vezes. Nessa quarta-feira, o menino deu mais uma prova de que dá
mesmo sorte. Antes de a bola rolar, ele foi levado até Alecsandro por
Fernando Prass e falou que o atacante marcaria. Orgulhoso, Hugo
comemorou a homenagem.
Com a camisa que ganhou de Alecsandro, Hugo
retribui homenagem imitando a careta do
atacante (Foto: Gustavo Rotstein)
- Pedi ao Alecsandro para fazer um gol e comemorar daquele jeito.
Fiquei muito feliz quando soube que ele festejou assim. O Vasco é a
minha vida, e os jogadores gostam de mim - celebrou.
O gesto do atacante emocionou também a família de Hugo. A mãe, Vania,
disse que o garoto dedicou o gol a todas as crianças do Instituto
Benjamin Constant, onde estuda. Segundo ela, sempre que Hugo pede gol,
Alecsandro balança as redes rivais.
- Ver a comemoração é muito emocionante. Os jogadores têm um carinho
muito grande pelo meu filho. Hugo me disse que, toda vez que ele pede
gol, o Alecsandro faz. Então ele pediu uma homenagem caso ele marcasse.
Na final ele quer três do Alecsandro - contou a mãe.
Responsável pelo coração cruz-maltino de Hugo, já que o pai, o policial
militar Hamilton é tricolor, Vania disse que a ligação dele com o Vasco
se intensificou no ano passado, quando pediu para conhecer São
Januário.
- A paixão pelo Vasco veio por mim, já que o pai é Fluminense. Quando
ele completou seis anos, no ano passado, pediu para conhecer São
Januário e foi muito bem recebido. Conheceu tudo, até mesmo o vestiário,
e todos se encantaram por ele.
Alecsandro leva a mão aos olhos em homenagem a Hugo (Foto: Marcelo Sadio/Vasco.com.br)
Sem poder ver o que acontece dentro das quatro linhas, Hugo usa o radinho para acompanhar as partidas.
- É difícil ver meu filho brincando na rua e não poder correr como os
outros. O futebol é o nosso refúgio, e ele é fundamental no
desenvolvimento do Hugo porque estimula os outros sentidos dele. Ele
aprendeu a esperar o momento de entrar no campo e também passou a
conviver melhor com sons altos. Antes ele se assustava com os gritos.
Hoje, se emociona no estádio e até discute com os torcedores do Vasco
que falam mal dos jogadores durante as partidas. Depois que ele sai do
campo, vai para a arquibancada e fica ouvindo rádio. Então ele acompanha
a narração da partida e sente a vibração da torcida - disse Vania.
E mesmo sem ter visto a homenagem de Alecsandro, Hugo já conseguiu o
mais importante, sentir que já é parte da história que o Vasco começa a
escrever neste Campeonato Carioca.
Paulo Barros conseguiu mais uma vez. Com um desfile
impecável e repleto de surpresas, a Unidos da Tijuca criou uma
verdadeira alegoria para coroar Luiz Gonzaga como Rei do Baião.
Encantando o público com uma comissão de frente espetacular e carros
alegóricos surpreendentes, a agremiação do Morro do Borel conseguiu
convencer os jurados e repetir o feito de 2010.
Mesmo com uma apuração muito equilibrada, a Unidos da Tijuca jamais deixou a liderança
durante toda a apuração. Seguida de perto por Vila Isabel, Beija-Flor e
Salgueiro, a escola mostrou muita regularidade em todos os quesitos
avaliados e só perdeu pontos no quesito Alegorias e Adereços, enquanto
as concorrentes diretas tropeçavam em quesitos como Comissão de Frente,
Bateria e Evolução.
A escola tinha confiança no título mesmo antes de desfilar. O presidente da escola, Fernando Horta, apostou com os jornalistas ainda na concentração:
"Podem anotar aí. A campeã está entrando na Avenida agora", brincou.
Paulo
Barros, em especial, foi o grande vencedor deste carnaval. Até o
momento, o carnavalesco sempre tinha idealizado seus enredos, mas desta
vez foi a direção da agremiação tijucana quem propôs a temática para o
desfile da escola. Além disso, Barros era acusado por seus detratores de
não falar sobre temas genuinamente brasileiros, mas mostrou competência
e criatividade ao comandar a homenagem a um dos maiores nomes da
história da cultura nordestina.
Um dos principais êxitos da Unidos
da Tijuca foi fugir do clichê ao evitar uma abordagem meramente
biográfica sobre o Luiz Gonzaga. Ao contrário, a escola transformou todo
o desfile em uma história ficcional muito bem humorada, retratando a
trajetória do cantor e compositor até o seu coroamento. Durante o
desfile, Gonzagão recebeu a visita de outros monarcas, como Madonna, a
Rainha do Pop, e Pelé, o Rei do Futebol. Até mesmo a criticada Priscila,
a Rainha do Deserto, estava na Corte de Gonzagão, debochando dos
críticos com um cartaz: "me entenderam agora"?
Muito emocionada,
Priscila Mota, uma das coreógrafas responsáveis pela elogiada comissão
de frente da escola, destacou a dedicação de todos os componentes e
profissionais da agremiação:
"Que alívio! Justiça foi feita,
graças a Deus. A Tijuca mereceu, a nossa equipe é unida. Todo mundo
trabalha muito, desde o presidente até o porteiro. Sempre tentamos
trazer coisas diferentes para o público, porque eles esperam isso da
gente, então a ousadia está do nosso lado. Deu tudo certo", comemora.
Já para diretor de Carnaval da Tijuca, Ricardo Fernandes, o título já deveria ter vindo no ano passado:
"Devíamos ter ganho também em 2011, mas não veio. Este ano, a justiça foi feita", disse Ricardo.
Quem
ouve o nome da escola se pergunta: o que gato tem a ver com samba? A
resposta vem quando se junta a velha guarda da escola. O gato era de
uma moradora conhecida como Maria Dentão, que não gostava de conversa
e não dava vida fácil para a garotada. Sempre que uma bola de futebol
caía no seu quintal, Maria furava. Até que um dia, os rapazes que jogavam
pelada - e gostavam de implicar com moradores da comunidade - resolveram
se vingar. Caçaram o gato de estimação de Maria, e fizeram um ensopado
com ele. Maria não demorou a descobrir o que acontecera. Foi direto
dar queixa no posto policial. Desesperada, gritava: "Mataram meu
gato, mataram meu gato".
A
polícia prendeu três rapazes e deu neles "um corretivo" com
uma palmatória. Para se vingar novamente de Maria, eles fizeram tamborins
com o couro do gato e foram para a frente da casa dela, tarde da noite,
gritando e batucando: "Mataram meu gato, mataram meu gato...",
repetidas vezes. O refrão "pegou" entre os moradores e deu
nome ao bloco. A partir daí, o Mataram Meu Gato passou a desfilar todos
os anos pelas ruas da comunidade. Em 1974, foi inscrito na Federação
de Blocos de Carnaval do Rio de Janeiro, mas só virou escola de samba
em 1999, já com o nome de Gato de Bonsucesso.
O
início de tudo foi realmente nos anos 60, quando uma leva de moradores
das favelas do Esqueleto e do Querosene se mudou para a Maré. Lá, a
nova turma se uniu aos antigos foliões. A parceria deu samba. Ou melhor,
deu uma Escola de Samba: a Unidos da Nova Holanda. Tempos depois, seus
integrantes formaram um bloco com amigos das rodas de samba da área,
que brincavam juntas no carnaval. Foi assim que surgiu o Mataram meu
Gato, batizado depois pelos desafetos de Maria Dentão.
Fonte: academiadosamba.com.br
Coitado do gato, coitada da Maria Dentão.
A G.R.E.S. Gato de Bonsucesso desfila no grupo D, na Av Intendente Magalhães em Campinho, na segunda feira.
O Carnaval do Rio de Janeiro não é só feito das Escolas de Samba da Sapucaí, tem muita gente ralando para um dia chegar lá. E esse pessoal desfila no coração da Zona Norte do Rio de Janeiro,
no Campinho, mais especificamente na Avenida Intendente Magalhães. São
os desfiles dos grupos de acesso C, D e E, cada um desfila em dia,
domingo, segunda e terça, respectivamente.
Detalhe para entrada, gratuita. Mas fica cheio, muito cheio!
Confira abaixo a ordem dos desfiles que acontecerão nos dias 19, 20 e 21 de fevereiro de 2012 na Intendente Magalhães.
Interessante é ver escolas que ja fizeram sucesso no grupo especial desfilando fora da Marques de Sapucaí.
Unidos de Lucas, Arrastão de Cascadura, Lins Imperial, Unidos da Ponte, Cabuçu, ou a Em Cima da Hora, que ficou na historia com o enredo "Os Sertões". Enfim umas subiram e outras cairam.
Mesmo com toda a elegância dos versos de Cartola, Nelson Cavaquinho e
Carlos Cachaça, talvez a melhor definição sobre a Mangueira tenha saído
das mãos de um torcedor da Portela. Paulinho da Viola, ao lado do
parceiro Hermínio Bello de Carvalho, não deixou dúvidas sobre a beleza
de um desfile da verde e rosa: “Visto assim do alto, mais parece um céu
no chão”. Quando entrar na Marquês de Sapucaí, nas primeiras horas da
terça-feira de carnaval, a Mangueira será um céu de cocares, penas e
pinturas indígenas. Este ano, a escola presta uma homenagem ao Cacique
de Ramos, bloco tradicional da Zona Norte carioca. Nos últimos 51 anos,
uma parte relevante da história da música brasileira foi construída nas
rodas de samba da quadra da Rua Uranos. Zeca Pagodinho, Fundo de
Quintal, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Dudu Nobre e Almir Guineto são
alguns dos nomes que, entre banjos, cavaquinhos e tantãs, passaram pela
sombra da tamarineira. Todos eles observados de perto pela madrinha do
bloco, a mangueirense Beth Carvalho.
Em seus primeiros desfiles, o Cacique saía por Ramos e se concentrava na
Rua das Missões, hoje Rua Nossa Senhora das Graças, junto ao bar
frequentado por Pixinguinha e João da Baiana. Em 1973, começou a sair na
Av. Presidente Vargas, onde concorria com o Bafo da Onça. Depois, foi
crescendo, a ponto de engolir o Bafo, em 1978, quando saiu com mais de
dez mil componentes.
Já pertenceram ao bloco personalidades como Laudir de Oliveira
(percussionista da banda de Sérgio Mendes) e Mussun ( dos Originais do
Samba e comediante do grupo Os Trapalhões). Segundo Bira Presidente:
"Além de Zeca Pagodinho, Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz, Beto Sem
Braço e do Fundo de Quintal, por aqui passaram jogadores como Brito,
Marco Antônio, Roberto Dinamite e Jairzinho.
No início da década de 1970 e parte da década de 1980, o "Pagode da
Tamarineira", realizado nas quartas-feiras na quadra do bloco, reunia
diversos compositores e intérpretes, que mais tarde se tornaram artistas
reconhecidos, como Jorge Aragão, Almir Guineto, Mussun, Zeca Pagodinho,
Marquinhos Satã, Luiz Carlos da Vila, Arlindo Cruz, Sombrinha, Sombra,
Jovelina Pérola Negra, Neguinho da Flor, Adilson Victor, Carlos Sapato
e, na época, ainda crianças levadas pelos pais, Andrezinho do Molejo
(filho de mestre André), Dudu Nobre (filho de João e Anita), Waguinho,
Anderson do Molejo, que fugia de casa aos sete anos para assistir aos
ensaios do bloco.
Frequentando as rodas de samba da Tamarineira, o grupo acabou criando
novos instrumentos, entre eles o "Tantã", por Sereno; o "banjo com braço
de cavaquinho", por Almir Guineto e o "repique de mão", por Ubirany, e o
repique-de-anel.
Surgia assim o grupo Fundo de Quintal, composto por alguns desses
compositores, Tendo em sua primeira formação Jorge Aragão, Almir
Guineto, Sereno, Neoci Dias ( filho de João da Baiana), Bira Presidente,
Ubirany e Sombrinha.
Conhecido no Japão, Estados Unidos e em vários países da Europa, o Bloco
Carnavalesco Cacique de Ramos é um dos poucos que ainda desfila pelas
ruas da comunidade da Leopoldina.
Em 2010, iniciando as comemorações dos 50 anos de fundação do Grêmio
Recreativo Cacique de Ramos, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
tombou o Grêmio Recreativo como patrimônio cultural da Cidade e ainda
reformou a quadra do Gremio, situada à Rua Uranos, em Ramos. Também
foram iniciadas as filmagens do documentário em longa-metragem com
roteiro e direção de Chico Anysio e Eduardo Maruche e o bloco ainda teve
sua trajetória exposta na "29ª Bienal de São Paulo" através das lentes
do fotógrafo Carlos Vergara.
Vou Festejar, Sou Cacique Sou Mangueira
Salve a tribo dos bambas
Um doce refúgio de inspiração
Salve o Palácio do Samba onde um simples verso se torna canção
Debaixo da tamarineira um índio guerreiro me fez recordar
Um lugar, um berço popular
Seguindo com os pés no chão
Raiz que se tornou religião
Da boêmia dos antigos carnavais
Não esquecerei jamais
Vem no batuque
Que eu quero sambar (me leva)
Já começou a festa
Esqueça a dor da vida
Caciqueando na Avenida
Sim, vi o bloco passando
O nobre rezando e o povo a cantar
Sim, é o nó na garganta
Ver o Bafo da Onça a desfilar
Chora, chegou a hora eu não vou ligar
Minha cultura é arte popular
Nasceu em 'Fundo de Quintal'
Sou imortal e eu vou viver
Agonizar não é morrer
Mangueira fez o meu sonho acontecer
O povo não perde o prazer de cantar
O povo liberto que a voz ecoou
Respeite quem pôde chegar onde a gente chegou
Vem festejar
Na palma da mão
Eu sou o samba, a voz do morro
Não dá pra conter tamanha emoção
Cacique e Mangueira num só coração
Composição: Igor Leal, Lequinho, Junior Fionda e Paulinho Carvalho
Em 1993, a Caprichosos de Pilares apresentou o enredo“Não
existe pecado do lado de cá do Túnel Rebouças”, uma homenagem ao morador suburbano. O
enredo foi movido pela polêmica devido a apresentação
durante o desfile de um carro alegórico que mostrava o
assalto de um pivete a um turista no Rio de Janeiro. O
caso gerou críticas à escola por apologia à
violência. Este talvez tenha sido o ultimo enredo irreverente desta escola que se notabilizou como uma escola que sempre apresentava enredos engraçados, como em 1982com o enredo "Moça bonita não paga…." O
famoso carnaval da feira livre, ou em 1985 com "E por falar em saudade".
Foi uma homenagem brincando com a propria realidade do suburbio carioca, especialmente nos anos 1990, afinal no verso "muambeiro de Acarí", faz-se uma referencia a famosa feira da "Robauto". Ou "tem surfista diferente tirando onda em cima do trem", coisa muito comum naqueles tempos de surf ferroviário. E ainda diz que é baloeiro, atividade perigosa e fora da lei. Dizer ainda que é flamenguista e macumbeiro, isso eu nem vou comentar.
E depois desse samba polemico, a Caprichosos ficou apenas em penultimo lugar, so não caindo porque viraram a mesa e nenhuma escola foi rebaixada nesse ano.
Samba Enredo 1993
Não Existe Pecado Do Lado de Cá do Túnel Rebouças
Vem pro lado de cá
Vem se acabar na minha aldeia
Vem do Túnel pra cá
Pecado não há e nem areia
Sou suburbano
Sou caprichoso, assumido e orgulhoso
É isso aí, operário marmiteiro
E muambeiro lá de Acari
É de carona que eu vou, é de carona
Nesse vai e vem, no vai e vem
Tem surfista diferente
Tirando onda em cima do trem
Aqui ô ô, à sombra da tamarineira
Pagode, risos, brincadeiras
A praça é criança pé no chão
E bate forte, bate norte o coração
Um velho fusca é minha curtição
Sou baloeiro, eu sou
Sou peladeiro, eu sou
Eu sou o mengo no Maracanã
Bato macumba bem rezada na avenida
Pra ver a minha escola campeã
Eu vou daqui pra lá
De frango e saravá
E no burguês farofafá
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração
Tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar...
Porém! Ai porém!
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém
Que não me lembro anunciou
Portela, Portela
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou...
Ah! Minha Portela!
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir
Aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio
Que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio
Que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar
Foi um rio
Que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar!
Essa música é a história da paixão pela Portela e uma resposta que
Paulinho dá a ele mesmo, quando, por alguma desilusão, andou arrastando
asas para a Mangueira, com "Sei lá Mangueira" (1969), em parceria com
Hermínio Belo de Carvalho.
Paulinho leu o livro "Por onde andou meu coração", de Maria Helena Cardoso. Um livro que não fala de carnaval muito menos da Portela, mas que possui a seguinte frase:
"Se um dia meu coração for consultado"...
Esse acabou sendo o verso inicial daquele que seria o maior sucesso do cantor. Um clássico que figura em qualquer coletânea dos maiores sambas de todos os tempos.
"Foi um Rio Que Passou em Minha Vida" foi uma
oportunidade de reatar com o antigo amor, ciumenta que não admitia flertes com outras musas.
Compacto Duplo lançado no final de 1969
O Samba da Discordia
Sei La Mangueira
(Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)
Mangueira
Teu cenário é uma beleza
Que a natureza criou...
Vista assim do alto
Mais parece um céu no chão
Sei lá
Em Mangueira a poesia
Feito um mar se alastrou
E a beleza do lugar
Pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar
Sei lá, não sei
Sei lá, não sei
Não sei se toda a beleza
De que lhes falo
Sai tão somente do meu coração
Em Mangueira a poesia
Num sobe-desce constante
Anda descalça ensinando
Um modo novo da gente viver
De pensar e sonhar, de sofrer
Sei lá não sei
Sei lá não sei não
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação
Não
é novidade para ninguém que o Estádio de São Januário faz parte da história
cultural, política e cívica do Brasil por ter sediado, além de partidas de
futebol, eventos como concertos do maestro Heitor Villa-Lobos, discursos do
presidente Getúlio Vargas e do líder comunista Luís Carlos Prestes e
treinamentos dos pracinhas brasileiros que lutaram na II Guerra Mundial.
Gustavo
Capanema, Getúlio Vargas e outros por ocasião do Desfile da Juventude
A entrada do Brasil na II Guerra Mundial em 1942 fez com que a população e as
autoridades se dividissem quanto à conveniência ou não da realização das
festividades carnavalescas. Para piorar, a Praça Onze, que sediava os desfiles,
havia sido demolida para a construção da recém-inaugurada Avenida Presidente
Vargas.
Por isso, São Januário, o maior estádio do Rio de Janeiro na época, dividiu com
a Avenida Rio Branco o status de sede dos desfiles dos meados dos anos 40. A Colina Histórica
abrigou o evento em duas oportunidades: a primeira em 24 janeiro de 1943, num
desfile beneficente e não-competitivo organizado pela primeira-dama Darcy
Vargas; e a segunda no desfile "oficial" do Carnaval de 1945, vencido
pela Portela e que ficou marcado por um assassinato ocorrido dentro do estádio,
durante uma briga entre integrantes de escolas rivais. A Avenida Rio Branco
sediou as apresentações "oficiais" de 1943 e 1944.
Estudiosos da história das escolas de samba acreditam que um dos motivos pelos
quais elas sejam extremamente populares nos dias de hoje tenha sido o fato de
os desfiles não terem sido descontinuados nos anos 40, ao contrário do que ocorreu
com outras agremiações carnavalescas da época como os ranchos e as grandes
sociedades. Como estas, aliás, eram manifestações típicas das classes média e
alta e as escolas de samba haviam sido criadas por pessoas pobres, moradoras
dos morros, não é exagero dizer que, a exemplo do que aconteceu no futebol, o
Vasco também no Carnaval deu sua contribuição para que integrantes das classes
menos favorecidas pudessem assumir o papel de protagonistas do espetáculo.
A partir de 1946 os desfiles das escolas de samba passaram a acontecer na
Avenida Presidente Vargas e, de 1978, na Rua Marquês de Sapucaí, onde são
realizados até hoje. E o glorioso Estádio Vasco da Gama ainda hoje tem a honra
de ser o único do Rio de Janeiro (e provavelmente do Brasil) a ter sediado
desfiles de escola de samba.
Desfile de 1943
O primeiro, não-competitivo, foi realizado em 24 de janeiro de 1943 em São Januário e
promovido pela primeira-dama do país, D. Darcy Vargas, em benefício da cantina
do soldado. Dez agremiações participaram, entre elas Azul e Branco, Unidos do
Salgueiro e Depois eu Digo (três escolas que se fundiriam em 1953 para dar
origem à Acadêmicos do Salgueiro), Mangueira (na época mais conhecida como
"Estação Primeira"), Unidos da Tijuca, Império da Tijuca e a então
bicampeã Portela. As escolas exibiram em sua maioria enredos que exaltavam o
patriotismo.
O segundo desfile, competitivo, aconteceu na Avenida Rio Branco, no Carnaval, e
teve como vencedora a Portela, que chegou ao tricampeonato.
Desfile de 1945
São Januário sediou o desfile oficial das escolas de samba em 1945. Uma briga
entre integrantes de duas agremiações, que terminou em uma morte, não empanou o
brilho do campeonato vencido mais uma vez pela Portela, que apresentou o enredo
"Brasil Glorioso", com samba de autoria de Boaventura dos Santos, o
Ventura. Na década de 40, aliás, a escola azul e branca era um verdadeiro
"Expresso da Vitória" do samba: chegou ao heptacampeonato entre 1941
e 1947.
O livro "Escolas de Samba" dá o seguinte relato sobre o desfile de
1945:
"Em 1945 a
guerra vivia seus momentos de definição e a tensão reinante era grande como
nunca. Quase nada se sabe do Carnaval daquele ano, cujos festejos se reduziram
mais ainda. As escolas desfilaram, mas não tiveram o direito de se exibir na
avenida Rio Branco, cuja apresentação foi deslocada para o estádio do Vasco da
Gama. Segundo Tupy (op. cit.: 106), a Portela alcançou o pentacampeonato com o
samba "Brasil glorioso", de autoria de Jair Silva.
E mais uma vez a festa rolou em Oswaldo Cruz. A Portela era pentacampeã.
Era o sétimo título da Portela.
Samba-enredo de 1945, Brasil Glorioso
Compositor: Ventura
Ó meu Brasil glorioso
És belo, és forte, um colosso
É rico pela natureza
Eu nunca vi tanta beleza
Foi denominado terra de Santa Cruz
Ó pátria amada, terra adorada, terra de luz
Nessas mal traçadas rimas
Quero homenagear
Este meu torrão natal
És rico, és belo, és forte
E por isso és varonil
Ó pátria amada, terra adorada, viva o Brasil"
Infelizmente não existe material fotográfico desse desfile.
No
ano de 1914 foi inaugurado como uma pequena feira livre o primeiro
Mercado de Madureira, um ponto de venda de produtos agropecuários,
localizado onde é hoje a quadra do Império Serrano ao lado da linha
férrea junto à Estação de Magno. Já em 1929, uma obra de ampliação o
transformaria no maior centro de distribuição de alimentos do subúrbio.
Em 1949, foram construídos mais 26 boxes para distribuição direta de
mercadorias dos produtores a população.
Ano
de 1959, o Brasil respirava modernidade e desenvolvimento. Foi nesse
ambiente que em 18 de dezembro, com a presença do Presidente Juscelino
Kubitscheck, foi inaugurado no local onde até hoje se encontra, o
Mercadão de Madureira, como passou a ser chamado. Com ambientes amplos e
infra-estrutura, passou a ser um símbolo do comércio da cidade. Como
conseqüência todo o comércio local se desenvolveu, a ponto de Madureira
se tornar um dos maiores arrecadadores de impostos do Rio, e o Mercadão
de Madureira passou definitivamente a fazer parte da vida das pessoas da
nossa cidade.
Em
2000 um incêndio destruiu por completo as dependências do Mercadão, e o
que poderia parecer o fim, foi na verdade um recomeço. Em 5 de outubro
de 2001, reabre suas portas pronto para atender às necessidades do novo
milênio, aliando à tradição, instalações modernas, conforto e segurança.
As mais de 580 lojas e uma enorme variedade de produtos e serviços, com
preços
altamente competitivos no atacado e no varejo, atraem cerca de 80.000
pessoas por dia, e fazem do Mercadão de Madureira uma referência na
cidade, sendo um pólo de convergência social, onde se misturam todas as
camadas da população. É um lugar onde, com certeza, o espírito carioca
sobrevive e está presente com suas lutas e alegrias.
http://www.mercadaodemadureira.com/index10.php
O incendio do ano 2000, de cima da pra ver o estadio do Madureira
Endereço:
Av Min. Edgard Romero, 239
Madureira - RJ
Rua Conselheiro Galvão, 58
Madureira - RJ
Telefone:
(21) 3355-9044
Horário de Funcionamento:
Segunda a Sábado das 06:00h às 19:00h
Domingos e Feriados das 07:00h às 12:00h